Cinemas Benguela e Lobito (parte V)

Os cinemas menos conhecidos.

No ultimo artigo desta série (parte IV), afirmei encerrar ali mesmo esta saga de artigos sobre os cinemas de Benguela e do Lobito.

Foram os comentários que um visitante deste blog, Carlos Ganhão, que me levaram a retomar esta série e trazer aqui aqueles cinemas menos conhecidos nos dias de hoje, que estão abandonados, ou ainda existindo o edifício, são utilizados para outros fins.

Depois de trocarmos alguns mails, Carlos Ganhão passou-me uma quantidade importante de informação que gostaria de partilhar aqui, para que desta vez possa encerrar esta série, sem esquecer aqueles cinemas que embora menos conhecidos, não deixaram de ter na sua época um papel cultural importante.

O texto original que recebi e que desde já agradeço, está disponível aqui para uma leitura mais detalhada.

Após toda esta introdução é chegado o momento de colocar aqui as fotografias que fui fazendo do que resta destes edifícios dos antigos cinemas.

 

Cine Beneficente – Catumbela

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Sem Título

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Não resisto a transcrever aqui excertos do texto que o Carlos Ganhão me enviou:

“Inaugurado em 29 de Setembro de 1905, numa velha loja adquirida à Companhia Comercial de Angola, as actuais instalações só foram erigidas apenas em 1915, onde ficou a funcionar também a sede da Associação Beneficente e Recreativa da Catumbela …

… Este Teatro passou a ser durante vinte e dois anos o segundo melhor de Angola, sendo que o primeiro situava-se em Luanda.”

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Cine Colonial e Cine esplanada Baía – Lobito

Recorrendo a mais um excerto do Carlos Ganhão:

“Ainda nos princípios dos anos 60 existia uma outra sala de cinema, o Cine Colonial, sala localizada no bairro da Caponte (rua principal frente à igreja de S.José).

Tratava-se de um armazém com uma centena e meia de lugares onde se faziam duas ou três projecções por semana, tendo fechado logo após a inauguração do Cine esplanada Baía também localizado na Caponte a umas duas centenas de metros do Colonial.

O Cine esplanada Baía foi um projecto do arquitecto Francisco Castro Rodrigues, encomendado pelo seu proprietário, o engº. António Armindo Vieira da Silva, que chegou a ser Vereador da Câmara do Lobito.” 

O que encontrei agora está aqui nas imagens, o Cine Colonial é actualmente um armazém e loja de peças de automóveis e o Cine Esplanada Baía está abandonado sendo habitado temporariamente por algumas pessoas da rua, segundo consegui apurar no local.

imagens actuais do exterior e do interior do edifício onde funcionou o Cine Colonial:

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imagens actuais do exterior e do interior do Cine Baía:IMG_7415

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Clube das Casas das Beiras (Cine Rei Mandume) – Lobito

“No Lobito existia antes da independência uma outra pequena sala, tipo cine esplanada, onde se projectavam filmes ao fim de semana.

A sala pertencia ao Clube das Casas das Beiras e era por esse nome que era conhecido.”

Também aqui encontrei este edifício já com algumas alterações no exterior (torres na fachada), mantendo a cobertura da época num surpreendente bom estado, mas ocupado agora por uma Igreja Evangélica Congregacional.

Também apurei no local que nos seus últimos tempos de cinema era conhecido como Cine Rei Mandume.

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Além da informação disponibilizada pelo Carlos Ganhão, e depois de mais algumas pesquisas na net, encontrei um texto de Pepetela sobre a história de uma greve aos preços dos bilhetes do Cine Benguela contada de uma forma preciosa.

Este texto pode ser lido aqui e merece bem o tempo empregue na sua leitura.

Esta história passa-se no antigo Cine Benguela,  cujo edifício já não existe, segundo relatos que ouvi.

As fotos abaixo são do Cine Benguela que existe hoje, que foi construído anos depois desta história contada pelo Pepetela.

 

Cine Benguela

Na net encontrei um pouco da história desta sala:

“Construído nos anos 60, este cinema está desactivado desde a independência.

Foi bastante alterado em relação ao desenho original.

Encerramento de vãos e de espaços de transição compostos por caixas abertas que caracterizam a arquitectura do movimento moderno e que foram reduzidos a um jogo mais elementar de volumes puros e encerrados.

É ainda possível perceber a composição e articulação volumétrica entre os corpos com uma face urbana: o corpo de entrada principal e o corpo do palco, num jogo claramente modernista.

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Nimas 500 – Lobito

Esta sala está muito degradada como as imagens documentam, mantendo o edifício ainda no exterior um aspecto imponente.

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O interior está num estado desolador.

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Quero, antes de terminar, deixar aqui o mapa com a localização destes cinemas menos conhecidos, para aqueles que tenham curiosidade em saber onde se encontram.

Agora sim, a série dos cinemas de Benguela e do Lobito está completa.

Para terminar, resta-me agradecer mais uma vez ao Carlos Ganhão a preciosa ajuda que prestou nesta ponta final para que eu pudesse aqui mostrar como estão, e sobretudo, que história têm para nos contar, algumas destas salas.

Também quero agradecer a todos aqueles que de alguma forma me ajudaram com o seu contributo nas informações que aqui partilhei e sobretudo, agradecer a ajuda nos contactos locais para poder obter as devidas autorizações para fotografar os locais.

Benguela e Lobito, Maio e Junho de 2016

1 thoughts on “Cinemas Benguela e Lobito (parte V)

  1. Conheci este cinemas, no seu tempo áureo!…
    No entanto, em Março/2016 estive em Benguela e no Lobito e vi aquilo que não gostei de ver, o Nimas 500, o Flamingo, o Baía, para falar só no Lobito, totalmente ao abandono e em ruínas. É triste.
    Abraços

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