Morro da Catumbela , o livro

Depois de uma longa ausência provocada por diversos impedimentos que me limitaram as viagens por Angola e consequentemente a possibilidade de aqui mostrar mais outros locais interessantes, voltei hoje para mostrar um livro que realizei sobre o Morro da Catumbela.

Já publiquei aqui diversas fotografias sobre o morro e suas gentes.

Em diversas subidas ao morro para fotografar pude constatar uma realidade que me surpreendeu porque não fazia ideia da forma como socialmente esta gente se organizou num local aparentemente caótico e sem grandes condições.

De conversa em conversa fui falando com as pessoas no local, desde simples e desconhecidos habitantes do morro até ao Soba do bairro Alto Nível, passando pelo padre responsável pela Missão Católica, e muitos outros, onde pude melhor perceber como vivem, ou melhor, como sobrevivem estas gentes e sobretudo como decorrem as suas vidas neste local tão cheio de contradições.

No livro tento mostrar que o morro não é tão bonito como se vê à noite nem tão caótico e desorganizado como parece ser durante o dia quando de longe olhamos para ele a partir da estrada principal que passa em baixo do morro.

De notar que vivem nestes morros circundantes do Lobito talvez 300.000 pessoas…

Muitas das fotos já foram publicadas aqui em artigos no blog.

Adicionei uns desenhos para ilustrar melhor o conteúdo do livro.

Clicar AQUI para poder ler o livro.

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Benguela, Julho 2020

 

7 anos depois a água voltou ao lago do Arco

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De passagem pelo Tombwa fui ao Arco para o mostrar às pessoas que estavam comigo, tendo explicado antes de lá chegar que há já alguns anos que o Curoca não trazia água suficiente para encher o lago… e qual não foi o nosso espanto ao chegar quando vimos o lago do Arco com tanta água!

Aconteceu agora no final de Março deste ano de 2018 e segundo nos informaram no local foi preciso esperar sete anos para ver o lago com água novamente!

Fica aqui o registo fotográfico deste momento excepcional.

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Pelo caminho até ao Arco…

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Agora a placa de probição de nadar até faz sentido!

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Sentados à sombra estavam dois habitantes da região que contemplavam o lago e me falaram do tempo em que por ali costumavam passar os flamingos…

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Talvez os flamingos ainda voltem ao lago do Arco, isto se o Curoca voltar a encher o lago todos os anos como o fazia antes… quem sabe?

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Lago do Arco, Tombwa, Março 2018

Himbas (parte III)

 
Hábitos e costumes

Neste último artigo da trilogia sobre os Himbas vamos abordar mais detalhadamente as particularidades deste povo nos seus hábitos e costumes.

Socialmente os Himbas são poligâmicos e no caso desta tribo que visitámos o chefe Kapika tem duas mulheres, vivendo a mais velha com ele e a segunda mulher, mais nova, vive numa cabana à parte mas de dimensão semelhante à do chefe.

Chefe Kapika

Segundo o guia nos explicou, o tempo máximo que um homem pode passar com uma mulher são dois dias, devendo depois rodar pelas outras mulheres.

As mulheres Himbas cobrem o corpo com “otjize”, uma pasta feita de pó de pedra ocre (hematite) misturada com gordura e resinas o que lhes confere uma cor avermelhada, característica das mulheres deste povo.

Segundo explicaram, as mulheres cobrem o corpo com esta pasta por duas razões principais, primeiro devido à escassez de água (só os homens a usam na higiene pessoal), elas não se podem lavar com água e em segundo lugar assim ficam protegidas da radiação solar e das picadas dos mosquitos.

A distribuição das tarefas na sociedade Himba confere às mulheres uma vida bem mais dura do que a dos homens.

Logo pela manhã, antes de sair o gado para as pastagens, devem ordenhar as vacas e as cabras, devem também ir buscar água e lenha, bem como cozinhar.

São elas que tomam conta das crianças.

Além destas actividades diárias, são também as mulheres que constroem as cabanas com esterco dos animais.

Os homens, limitam-se a tomar conta do gado e a tratar da organização social da tribo.

Devido á escassez de água, as mulheres fazem a sua higiene diária usando fumo originado pela queima de ervas aromáticas junto com carvão incandescente que previamente colocam numa pequena tijela.

Começando o fumo a subir, então elas curvam-se sobre o fumo cobrindo-se com uma manta para transpirarem (devido ao calor) e assim aprisionarem o fumo que lhes permitirá fazer a sua higiene diária.

As mulheres preparam de manhã e à noite uma mistura de leite azedo com milho e água – “orehere”.

Usam também mel e seiva de árvores para cozinhar tornando a comida menos amarga.

Como para os Himbas o gado é a sua riqueza principal, só comem carne ocasionalmente, fazendo-o somente em ocasiões especiais.

O gado é morto por asfixia, porque as facas são proibidas na matança do gado, depois usam as peles em diversas aplicações e comem todas as partes dos animais cozinhando-as ao estilo tribal.

Os Himbas não usam roupas convencionais, vestem-se usando uma espécie de tanga para cobrir as zonas íntimas.

Dão muito valor aos adornos que usam e à forma como tratam os cabelos, porque o aspecto tem um significado simbólico muito importante para mostrar aos outros de forma inequívoca se são solteiros, casados, jovens, adultos, rapazes, raparigas, etc.

Assim as crianças desde pequenas usam tranças na cabeça, tendo as raparigas duas tranças caídas para a frente e os rapazes uma trança caída para trás ou o cabelo rapado.

à esquerda rapaz, à direita rapariga

Depois da fase da puberdade, os rapazes deixam crescer uma trança para trás da cabeça que e que fica esticada para mostrar quem são.

As raparigas então usarão várias tranças, cobertas de “otjize” o que lhes confere a característica mais conhecida das mulheres Himbas.

Segundo alguns textos que li, as mulheres um ano depois de casar ou depois de ter o primeiro filho, usam no cimo da cabeça uma espécie de pequeno chapéu “erembe” para sinalizar esse facto e afirmarem a sua situação.

Noutros textos afirma-se também que após a puberdade as mulheres podem usar o “erembe”, que é feito a partir de pele de vaca ou de cabra.

As mulheres Himbas casam cedo, entre os 13 e os 17 anos normalmente.

Os homens uma vez casados não usam mais a trança característica dos solteiros, e passam a usar um turbante para cobrir a cabeça rapada.

Os colares e pulseiras são usados pelas mulheres e têm sempre um simbolismo muito pessoal e por vezes diferenciado entre elas, sem regras aparentes.

As mulheres cuidam muito da sua imagem e fazem-no ocupando uma parte importante do seu tempo.

Quando visitámos a tribo as mulheres não usavam os colares mais trabalhados porque recentemente tinha falecido um familiar da tribo e estariam assim a respeitar a morte desse ente querido.

A primeira mulher do chefe estava entretanto a cuidar dum desses colares.

Numa das cozinhas desta tribo deixaram-nos entrar embora sem autorização para tirar fotografias, para podermos observar o cuidado com que as mulheres estavam a tratar das tranças usando cinza para a sua limpeza e higiene.

Por último, referir que sendo o gado, como já anteriormente foi explicado, a principal riqueza deste povo, os principais problemas e desacatos se resolvem com a aplicação de “multas” traduzidas em gado, por exemplo (informação obtida na internet):

Se alguém ferir outro, deve pagar 8 bois.

Se as feridas matarem, 35 bois para um homem, e, 45 bois se for uma mulher.

Se um homem dorme com a mulher de um outro 6 bois, 3 bois são para o homem e 3 bois são para a mulher.

Fica aqui neste ultimo artigo o registo do que vimos e ouvimos sobre este povo que tem uma história e uma cultura antiga muito interessante.

Em África existirão seguramente muitas outras etnias que têm as suas particularidades e às quais por não podermos aceder facilmente, não poderemos conhecê-las mais em detalhe, mas os Himbas desde o primeiro contacto que tive com eles em Ruacaná, e depois do que li sobre eles, fascinaram-me.

Esta visita a uma aldeia meia turística, meia a sério, mesmo assim sendo, foi muito interessante.

Epupa Falls, tribo Himba do chefe Kapika, Julho 2017

 

Himbas (parte II)

Visitando a tribo do chefe Kapika

No primeiro artigo publicado sobre os Himbas no ano passado pude mostrar algumas mulheres Himbas que estavam em Ruacaná à caça de turistas para tirarem fotografias.

Como na altura expliquei nesse artigo, gostava de voltar aqui com mais fotografias e textos sobre este povo, logo que encontrasse maneira de visitar uma aldeia Himba que me permitisse estar no seu ambiente de forma a poder relatar a realidade tão peculiar deste povo.

A ocasião surgiu quando da passagem por Epupa Falls, onde foi possível visitar uma das muitas aldeia que existem na região.

Nesta região existem várias aldeias do povo Himba, sendo a maior parte delas usadas com fins puramente turísticos.

No entanto os responsáveis do Lodge levaram-nos a uma aldeia das menos turísticas, cujo chefe é uma pessoa muito conceituada na região.

Trata-se do chefe Kapika, com quem tivemos o privilégio de estar durante a tarde em que visitámos a sua aldeia.

O guia que nos acompanhou, de descendência Himba (aparece de costas no lado direito na primeira fotografia) explicou-nos alguns detalhes sobre o modo como a aldeia está organizada, tendo tido ocasião de aprender mais algumas curiosidades sobre este povo.

Inicialmente os Himbas são descendentes do povo Herero (sul de Angola) que foram descendo para o sul entrando no norte da Namíbia na procura de melhores locais de pastagens para o gado.

Os primeiros registos deste povo datam do séc. XVI, quando atravessam a fronteira de Angola e se concentram maioritariamente no norte da Namíbia no Kaokoland, hoje região do Kunene.

Estima-se que actualmente ainda existam 3 a 5.000 Himbas do lado Angolano e 10 a 15.000 do lado Namibiano.

São dos últimos povos africanos semi-nómadas, mudando de um lado para o outro sempre que necessário na procura das melhores pastagens para o seu gado.

Vivem essencialmente da pastorícia, cultivando também milho para subsistência, sendo a sua alimentação baseada em carne, ovos, milho, ervas aromáticas e mel.

As suas aldeias são construídas em círculo onde colocam uma cerca composta de troncos de árvore para protecção e segurança.

A aldeia do chefe Kapika situa-se a 30 km de Epupa Falls e tem a disposição que abaixo está legendada.

Como tenho várias fotografias que quero compartilhar aqui, irei apresentar esta visita em dois artigos.

Neste primeiro artigo o foco principal será a aldeia, enquanto que no próximo artigo serão as particularidades das tradições dos Himbas o foco principal do artigo, procurando mostrar o lado mais interessante e fascinante deste povo.

As casas ou melhor dizendo, as cabanas dos Himbas são construídas com barro e esterco dos animais que é colocado sobre uma estrutura construída com troncos de árvores com a parede exterior em forma de círculo tendo a cobertura a forma cónica.

Este material permite amenizar as noites frias que se verificam nesta região árida que tem como característica grandes amplitudes térmicas diurnas, fazendo com que durante o dia se verifiquem temperaturas elevadas, mas onde as noites podem ser mesmo muito frias.

No interior usam as peles de vaca e de cabra para se deitarem no chão.

Nas aldeias dos Himbas, entre a frente da cabana do chefe e a cerca onde estão os animais, arde um fogo sagrado – okuruwo.

Este fogo é dedicado aos antepassados, e permite o acesso ao Deus Himba – Mukuro.

Segundo a religião do povo Himba, Mukuro criou o homem e a mulher e o gado da mesma árvore.

Não tendo Mukuro poderes ilimitados os Himbas veneram os seus antepassados e aceitam que enquanto Mukuro influencia o mundo físico, os antepassados esses influenciam mais os aspectos relacionados com as doenças, o estado do gado, etc.

Acreditam que quando alguém fica doente, os espíritos dos antepassados terão sidos ofendidos por alguma acção dos membros dessa família.

Segundo a tradição os estranhos não devem cruzar a linha (imaginária) que passa entre o local onde está o fogo sagrado e a porta da entrada do chefe.

Na aldeia existe um local bem identificado por um totem com paus e chifres de animais, que é usado para as festividades, principalmente para as festas de casamento.

Nesta aldeia existem duas cabanas que nos foram mostradas que funcionam como cozinhas comuns tendo no seu interior um local sobre elevado que funciona como dispensa.

O chefe Kapika tem “oficialmente” duas mulheres.

A primeira vive na cabana principal, onde vive o chefe, a segunda (bastante mais nova), tem a sua própria cabana, de uma dimensão idêntica à primeira.

Estas são as cabanas mais importantes da aldeia, as restantes onde vivem os outros elementos da tribo são manifestamente mais pequenas denotando claramente uma diferenciação importante.

Neste artigo, abordei mais os aspectos da aldeia em si, contando no próximo e ultimo artigo sobre os Himbas falar dos hábitos, dos costumes e da diferenciação social existente nestas tribos.

Epupa Falls, Julho 2017

O Cunene do Calueque a Epupa Falls

Aqui no “prazerdeconhecer” já tive ocasião de mostrar o Cunene em três ocasiões distintas: primeiro, junto à barragem do Calueque, segundo, nas quedas de Ruacaná e por ultimo na foz à chegada ao Atlântico.

Enquanto no Calueque o Cunene se estende e mostra o seu lado mais tranquilo e bucólico, em Ruacaná, quando o nível das águas sobe o suficiente para poder escapar à turbinagem da barragem cai então em grande quantidade pelos rochedos abaixo, oferecendo-nos o prazer de poder assistir a um dos espectáculos mais impressionantes que a Natureza nos mostra, umas quedas de água de uma beleza ímpar.

Por ultimo, já na foz onde chega apertado por entre enormes dunas de areia do deserto do Namibe proporcionando-nos uma visão especial neste seu encontro com o mar.

Desta vez venho mostrar o Cunene entre Ruacaná e Epupa Falls, noutro ponto também muito interessante na fronteira de Angola com a Namíbia, onde o rio se corre lentamente antes de cair por entre um desfiladeiro rochoso.

O trajecto foi realizado do lado Namibiano, porque do lado Angolano, a região é muito montanhosa e desabitada não existindo picadas que nos permitam seguir o rio.

No entanto o objectivo principal desta viagem era visitar uma tribo Himba, que nesta região são ainda abundantes, situação que já não se verifica do lado Angolano (os Himbas serão objecto de um próximo artigo).

Para já, expliquemos que esta viagem começou no Calueque onde atravessámos a fronteira entre Angola e a Namíbia, 40 km depois passámos por Ruacaná, e continuando em direcção a Oeste, entrámos na picada D3700.

Seguindo sempre a picada e andando por ali a fora vamos sempre perto do rio durante uns 150 km até chegar a Epupa Falls.

Imagens retiradas de vários filmes realizados pela câmara GoPro ao longo do caminho.

Em Epupa Falls existem vários locais onde comer e dormir com qualidade não apresenta problema de maior.

Ficámos no Epupa Falls Lodge onde tudo correu lindamente, desde a forma como trataram da visita à tribo Himba, até à simpatia do pessoal, passando pela caça que comemos, sem esquecer o local que é “bonito por natureza” (como diz a canção).

Fica localizado na margem esquerda mesmo em cima das quedas de água e a qualidade e a beleza das instalações do Lodge são dignas de registo.

Fotografia realizadas de manhã cedo logo após nascer o sol.

No final da tarde subimos a uma montanha para poder apreciar o conjunto natural das quedas do Cunene de uma forma mais abrangente.

Epupa Falls, Julho 2017

Mercado Municipal do Lobito

Domingo de manhã cedo dia bonito de sol no Lobito, apesar de ser a época do cacimbo, saí para visitar o mercado municipal do Lobito, conhecido pelo mercado do 28.

Este edifício segundo apurei foi construído em 1963/64 e foi desenhado pelo arquitecto Francisco Castro Guedes, considerado por muitos o arquitecto que mais influenciou a área urbana do Lobito.

Sobre a importância do seu trabalho no Lobito existem muitos textos na net, deixo aqui um link para os mais interessados em conhecer a marca que deixou por estas terras.

Visto do exterior o edifício do mercado tem uma arquitectura simples de linhas direitas, fazendo uso de laminas verticais para ventilação e assombreamento, muito característico da época em que foi projectado.

Na envolvente exterior do mercado podem ser apreciadas duas pequenas pracetas e alguns edifícios dignos de registo, quer pela sua antiguidade quer pelo seu significado.

Do outro lado de uma das duas pracetas, foi construído um edifício de habitação e comércio que usou o mesmo conceito das lâminas muito marcantes na arquitectura do mercado

Por ultimo deixo aqui alguns apontamentos do interior e exterior do mercado.

Quero salientar que as escadas interiores que dão acesso aos dois pisos superiores têm uma característica muito “sui generis”, pois existem duas escadas desencontradas na mesma caixa de escadas que se iniciam no piso térreo e que têm acesso em todos os pisos em locais opostos, muito curioso!

Visitei o mercado sabendo que estaria vazio, o que facilitou as fotografias, porque tenho sempre muitas dificuldades em fotografar locais com pessoas, porque por cá aparentemente quase ninguém gosta de ser fotografado nem mesmo pedindo autorização para o fazer.

A excepção a esta regra são as crianças que não só gostam, como até pedem para ser fotografadas.

Lobito, domingo Junho 2017

 

Quando o Rali passa pela aldeia da pescaria

Mais um Rali Raid aqui na zona de Benguela, desta vez tendo o centro de operações na pescaria Santa Eugénia, 30 km a sul da Baía Farta.

Como amante do desporto automóvel, vim para ver as máquinas em competição mais uma vez.

Deparei-me com um trajecto que curiosamente começava na picada que saía de uma aldeia de pescadores e foi esse lado menos comum que gostava de aqui partilhar.

O controlo de tempos, e toda a azáfama em torno da partida.

A miudagem apareceu em força para matar a curiosidade sobre estas máquinas ruidosas que levantavam muito pó na travessia da aldeia.

Da competição não poderei adiantar informação relevante, tendo estado somente presente durante o prólogo e durante a partida para a primeira classificativa.

Mesmo assim algumas imagens podem ilustrar a velocidade e destreza de alguns pilotos.

Enquanto as motos e os carros passavam em grande velocidade, a vida destas gentes continuava calma e tranquila.

Entretanto alguns pilotos arriscavam mais que outros.

No final do prólogo e antes do início das especiais de classificação, os concorrentes tiveram uma pequena pausa num “paddock” improvisado montado no areal da pescaria.

Oportunidade para ver mais de perto as máquinas que estavam presentes.

A segurança descontraída à beira mar.

Antes de regressar a casa ainda passei pela partida da especial e pude fazer mais umas fotografias do ambiente que se vivia nesse momento.

Agora, até p’ró ano!!!

Pescaria Santa Eugénia – Benguela, Maio 2017

Baía de Santo António – Benguela

Várias foram as vezes que, passando na estrada que sai para sul de Benguela, fui tentado a fazer o desvio para fotografar esta baía pouco conhecida mas de uma beleza especial.

Em Benguela é a Baía Azul a rainha das praias eleita pelos residentes e visitantes que por aqui passam, mas a Baía de Santo António também merece uma visita mais atenta.

Foi o que fiz num domingo de manhã cedo, porque o dia estava bonito e o sol potenciava ainda mais a beleza natural deste local.

Depois de sair de Benguela direcção Baía Azul/Baía Farta, e ainda antes de virar para a picada, podemos ver ao longe o Sombreiro enquanto que a baía começa a mostrar-se…

Depois logo de seguida aparecem as salinas e toda a sua envolvente.

Chegados à entrada do areal e olhando, quer para norte, quer para sul, a imensidão do espaço e o mar que mais parece uma enorme lagoa, deixa-nos deslumbrados.

Falando um pouco de história, fez este mês de Maio 400 anos que…

A 17 de Maio de 1617, Manuel Cerveira Pereira, governador de Angola entre 1615 e 1617, fundeou na Baía de Santo António.

Essa data passou a ser considerada como a data de fundação da cidade de São Filipe de Benguela.

Cerveira Pereira partiu de Luanda a 11 de Abril de 1617, à frente de uma força de 130 homens e rumou para Sul, ao longo da costa até à Baía das Vacas, que alcançou em 17 de Maio.

 Aí fundou o Forte de São Filipe de Benguela, núcleo da povoação do mesmo nome que havia de ser a capital do novo domínio português ao sul de Angola, a Capitania de Benguela, administrada autonomamente entre 1617 e 1869.” (transcrição de um texto na Wikipédia)

Passeando pela picada que circunda a baía pelas traseiras das moradias que foram construídas mesmo à beira do imenso areal.

Conseguimos a custo encontrar uma passagem que permita aceder ao areal…

E passeando pelo areal, muitos foram os motivos que aqui ficam registados nestas imagens.

Só é pena que algumas destas construções estejam degradadas e abandonadas em contraste com outras construções mais recentes.

Seguramente que muito ainda deve ser feito pela qualidade do ambiente envolvente à baía que merece pela sua beleza um melhor cuidado no tratamento ambiental.

Para terminar este artigo, imagens das salinas e da baía que ilustram bem que um passeio à Baía de Santo António será sempre muito agradável valendo bem a pena deixar a estrada principal e percorrer a picada, finalizando com um passeio a pé pelo extenso areal da baía.

Baía de Santo António, Maio de 2017

Rosas de porcelana

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Tal como as acácias rubras já foram objecto de um artigo, agora é a vez das rosas de porcelana.

Eu sabia da sua existência em Benguela mas foi através de um amigo que pude encontrar e visitar a fazenda da D. Gorete que no Cavaco tem viveiros onde podemos encontrar as rosas de porcelana.

Andei por lá uma manhã de domingo e pude deliciar-me a fotografar uma das flores mais interessantes para quem gosta de flores e de fotografia.

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A partir daqui, fotografadas em plena natureza:

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Segundo pude apurar na Net:

O nome científico das rosas de porcelana é Etlingera elatior.

São originarias do Sueste asiático, sendo também conhecidas como bastão-do-imperador ou flor-da-rendenção.

A inflorescência espectacular sai do rizoma entre uma altura de 60 centímetros a mais de um metro.

As flores individuais aparecem do meio dos nós, parecidos com uma pinha, por cima das linhas de cera.

As folhas crescem em filas de talos separados ao longo do rizoma.

Os talos frondosos crescem entre 4.5 a 6 metros.

Normalmente, quando a inflorescência se começa a expandir, as folhas vão secando devido às mudanças de temperatura e ao vento.

As espampanantes flores cor de rosa são usadas em arranjos florais, enquanto que os botões da flor, são um ingrediente importante no prato Nonya, laksa.

No Norte de Sumatra , os botões da flor são usados num prato chamado arsik ikan mas (Carpas condimentadas com pimenta em grão).

Na Malásia, é conhecida por bunga kantan, os pedúnculos da inflorescência são cortados e adicionados a potes laksa (vários tipos de caril ou sopas feitas com macarrão de arroz).

Na Indonésia, é conhecida como bunga kecombrang ou honje, na Tailândia como kaalaa. Em Batak Karo, é conhecida como asam cekala (asam significa azedo), e os botões da flor, mas mais importante, as vagens de sementes maduras, que são empacotadas com pequenas sementes pretas, são um ingrediente essencial da versão Karo de sayur asam, e são indicadas para cozinhar peixe fresco.

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Além das rosas de porcelana vermelhas encontrei algumas brancas e cor de rosa.

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Para quem não conhece estas são as plantas onde encontramos as rosas de porcelana.

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Encontrei um pavão pelo caminho e mais algumas flores que não resisti a fotografar.

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Para fechar este artigo deixei para o fim a fotografia onde a luz dá a esta flor uma dimensão diferente.

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Não podia terminar sem agradecer à Dona Gorete, que foi de uma enorme amabilidade ao deixar passear-me entre as suas rosas de porcelana para tirar estas fotografias.

Benguela, Outubro 2016

Viajando até à Gabela

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Esta pode ser uma oportunidade especial para admirar alguns dos contrastes em que Angola é fértil e que muitas vezes nos surpreendem de forma muito agradável.

Neste caso, os contrastes são muito fortes quer na paisagem quer na cidade.

Na paisagem, porque ao subir até à Gabela pela encosta oeste (vindo do Sumbe) encontramos na parte final da subida uma paisagem tipicamente tropical, muito verde, muito densa, composta de vários tipos de árvores e arbustos, onde predominam as palmeiras e as bananeiras.

Em claro contraste e poucos quilómetros depois de atravessar a cidade, na encosta oposta, (descida para a Quibala) a paisagem muda completamente, mais parecendo que estamos na Europa devido ao tipo de árvores e paisagem existente, e não fossem as aldeias e as pessoas que nelas vivem, poderíamos dizer que já não estávamos em África.

Além deste contraste na paisagem, é na própria cidade da Gabela que somos confrontados de forma mais radical entre um centro da cidade antigo herdado da época colonial, quase abandonado, degradado e decadente, enquanto que em volta deste núcleo central os musseques estão cheios de vida e movimento, ilustrando dois modos de vida tão distantes na forma e no tempo.

Vamos começar pelo principio desta viagem, que se inicia em termos fotográficos já na estrada que nos leva à Gabela vindos do Sumbe.

Antes de chegarmos à cachoeira do Binga (rio Keve), a paisagem que se pode admirar é muito bonita.

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A cachoeira do Binga é forçosamente uma paragem obrigatória para quem por aqui passa, e aqui estão algumas fotografias desta passagem.

Num artigo anterior, estas cachoeiras já tinha sido objecto de relato, podendo aí apreciar mais fotografias sobre a mesma e também fotografias e relatos de outros locais também interessantes: Grutas de Sassa, águas de Conda e as cachoeiras do Keve

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Saindo do parque e indo atá à ponte antiga para poder olhar a cachoeira vista de cima.

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Voltando à estrada, estava na hora de subir até à Gabela, onde subindo, subindo sempre, chegaremos aos 1.050 m de altitude.

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Entretanto o nevoeiro apareceu para nos lembrar que já estávamos muito perto das nuvens.

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Pelo caminho vimos os caféeiros em flor.

Recordo que estamos numa zona de café, muito conhecida em tempos pela produção de café de excelente qualidade.

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Para ilustrar a descrição do constataste entre a encosta oeste e a encosta este, passemos de imediato às imagens que retratam a encosta que se avista quando se sai da Gabela em direcção à Quibala.

Aqui entramos noutro mundo onde a vegetação e o arvoredo nada tem que ver com o que tínhamos visto poucos quilómetros antes.

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De volta à cidade, passeando pelas ruas do centro da Gabela, aqui a surpresa maior é o reencontro com as casas do tempo colonial, parecendo que tudo ali ficou parado no tempo, e é a degradação dos imóveis e das ruas, que nos mostram que já passaram 40 anos…

Para quem queira saber mais sobre a Gabela, aconselho a leitura de um interessante artigo (entre outros) que encontrei na Net e que pode ser lido aqui.

Revisitando a Gabela dos anos 70, começaremos pelo velho Cinema Aboim, a velha Estação de Comboios…

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Passando pela Igreja, pelo jardim e pelo salão de chá.

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Talvez por ser domingo e haver pouco movimento de pessoas e carros, talvez por essa razão muito particular, esta visão ainda se acentuasse mais, mas é de facto muito curiosa a imagem que temos diante dos nossos olhos.

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Em volta deste centro colonial e antigo, foram os habitantes edificando as construções próprias dos musseques, constituídas principalmente por pequenas casas de adobe com telhados de zinco.

Mas até nisso a Gabela é diferente, porque a terra aqui sendo muito avermelhada torna o adobe muito vermelhão, cor essa que dá uma intensidade maior às casas do musseque, e que as torna muito características nesta cidade.

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Estava na hora de voltar a casa, ainda a tempo de uma ultima fotografia da Gabela.

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Gostaria de aqui voltar outra vez, porque esta foi só uma viagem de simples reconhecimento, ficando muito ainda por mostrar e descrever, principalmente sobre o tema do café, onde uma visita à Fazenda da CADA na Boa Entrada será obrigatória.

Gabela, Outubro de 2016